O número de jornalistas nas redações diminuiu e a exigência de que esses profissionais produzam textos mais criativos e diferenciados cresceu. Se tiver algum traço de humor inteligente melhor ainda. A partir dessa perspectiva podemos entender um pouco, mas não justificar, a história de Stephen Glass, que na segunda metade da década de 90 trabalhava no The New Republic (uma respeitada revista estadunidense) e que ficou famoso pelas suas interessantes, bem-humoradas e totalmente falsas matérias jornalísticas.
O Preço de Uma Verdade conta a história real desse jovem jornalista, então na casa dos vinte e poucos anos, que já chamava atenção pelos seus textos. Depois de uma rápida escalada profissional, Stephen Glass começa a despertar a desconfiança de um colega de profissão, que trabalha em outro veículo, ao publicar uma matéria curiosíssima sobre um hacker. Daí até a descoberta do seu método imaginativo de escrever reportagem é um pulo. A própria estrutura narrativa do filme brinca com a mente fantasiosa do protagonista.
Mesmo expondo um caso, no mínimo, constrangedor do jornalismo e mostrando como, infelizmente, pode ser fácil produzir matérias mentirosas, o filme, de certa forma, também defende essa profissão ao dar espaço a personagens como Chuck Lane (interpretado por Peter Sarsgaard), um jornalista sério que serve como um contraponto, bastante adequado, a Stephen Glass (Hayden Christensen).
Sobre Christensen, aliás, só o havia visto nos dois últimos Star Wars lançados e, mesmo tendo interpretado ninguém menos que Darth Vader, não foi o suficiente para chamar minha atenção. Aqui ele é bastante competente em expor a simpatia, a aparente vulnerabilidade e o crescente desespero deste patético personagem.
Esta película se estabelece, assim, como uma importante fonte de reflexão sobre o trabalho jornalístico, sobre ética e como, às vezes, um texto burocrático mas correto é bastante bem-vindo.
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