Relutei bastante antes de decidir ver
"Atividade Paranormal". Quem me conhece sabe dos meus probleminhas com coisas sobrenaturais. Mas minha curiosidade cinéfila se sobrepôs à minha alma medrosa, e lá fui eu (junto com a Tâmara, que se revelou mais medrosa que eu) assistir a este trabalho, do diretor Oren Peli, que tem gerado bastante boca a boca em torno dos
sustos que arranca da platéia.
Filmado com poucos recursos, cerca de 15 mil dólares, e de forma a parecer uma "história real" (o que rendeu comparações ao filme "A Bruxa de Blair"),
"Atividade Paranormal" mostra o casal Katie e Micah às voltas com acontecimentos estranhíssimos em sua casa. Micah, na tentativa de identificar o que causa tais acontecimentos, compra uma câmera e passa a filmar o que acontece no lar deles. O filme seria então uma compilação das imagens captadas por essa câmera.
No começo do filme, eu, e mais um número considerável de pessoas, ríamos em
vários momentos; às vezes chegávamos a gargalhar. Mas não pense que isso acontecia por causa de cenas engraçadas. Ríamos de nervoso mesmo. A reação da platéia ao longo da projeção, aliás, era variada. Alguns emitiam grunhidos, outros tampavam os olhos, alguns riam ou então colocavam as mãos fechadas sobre as bobechas! Garanto que indiferente o povo não ficou.
Acho que o filme é bem sucedido na expectativa que desperta na gente, e que o mérito aí não é o susto em si, mas sim a expectativa, a impressão constante de que alguma coisa de ruim está pra acontecer. O filme é bastante eficiente ao incentivar esse medo crescente.
As coisas não acontecem de uma vez. Se no começo a gente chega a ficar um tanto decepcionado (porta mexendo sozinha é meio batido, sabe) logo a gente percebe que a intenção era mesmo a de aumentar a intensidade das nossas reações conforme os acontecimentos se sucediam.
Apesar do tom realístico do filme algumas coisas ali são difíceis de engolir. Por que eles não acendem as luzes da casa quando o "sei lá o quê" se manifesta? Ou então por que simplesmente não saem dessa casa? Por mais que seja jogado o argumento de que a garota é que é perseguida, e não a casa que está amaldiçoada, eu não ia querer saber de ficar naquele lugar de jeito nenhum. Mas não, o casalzinho fica pra lá e pra cá, morrendo de medo, dentro de c
asa. Se fosse eu dormiria até na rua, ali é que eu não ficaria.
E, gente, nem sei se posso falar isso, mas aquela última cena, pra mim, acaba com o filme todo. É uma cena que, característicamente não tem nada a ver com o restante do projeto. (Vejam
aqui quem estragou o final, mas, em contrapartida, bancou a distribuição do filme.)
Então façam assim, esqueçam aquele último momento (que a Tâmara, aliás, não viu porque tampou os olhos) e deliciem-se com a quase uma hora e meia de sustos anteriores.